Habitantes:
Cerca de 12 000 habitantes e 7 127
eleitores no ano de 2007.
Área:
Cerca de 747 ha.
Feiras:
Semanal, aos domingos
Sectores laborais:
Agricultura, pecuária, comércio,
várias indústrias com especial referencia à industria da louça da
Meadela.
Tradições festivas:
Santa Cristina (Agosto), S. João,
S. Pedro, Santo António e Senhora das Dores (Setembro), Santo Amaro, São
Vicente e Sra. da Ajuda.
Valores Patrimoniais e aspectos turísticos:
Igreja
paroquial, capelas de S. Vicente, de Santo Amaro e da Senhora da Ajuda,
belezas ribeirinhas do rio Lima.
Gastronomia:
Arroz de lampreia e cozido à portuguesa.
Artesanato:
Elaboração dos trajes regionais.
Colectividades:
Associação de Moradores da Cova,
Associação de Moradores de Portuzelo, Centro Social e Paroquial da
Meadela, Corpo Nacional de Escutas - Agrupamento 348, Associação Guias
de Portugal, Grupo Folclórico das Lavradeiras da Meadela e Ronda Típica
da Meadela, Centro Social e Cultural da Meadela, ACEP - Associação
Cultural e Educação Popular, ACAT - Associação Equestre Taurina,
Associação de Dadores de Sangue e Associação Columbófila da Meadela.
História:
A freguesia da Meadela nasceu em meados do século XII, no âmbito da
"reforma gregoriana”. No caso vertente, transformava em sede paroquial
uma basílica dedicada ao culto de Santa Cristina, que seria venerada
nesta região, particularmente no aro da actual freguesia. Santa Cristina
é uma mártir oriental, de Tiro, na Síria, e do século III-IV. Dela teria
vindo aqui parar uma relíquia, que foi instalada num "martyrium"
construído num local próprio. Situava-se este em zona húmida onde
vicejava um amieiral carinhosamente apreciado pelas populações. Deste
amieiralzinho que identificava a ermida veio o nome da futura freguesia.
Esta, identificada pelo respectivo lugar de culto ficou denominada como
paróquia de Santa Cristina d'Ameadela que o mesmo é dizer "da ermida de
Santa Cristina do amieiralzinho", depois Santa Cristina da Meadela e, a
partir do triunfo do laicismo, apenas Meadela.
Este território era intensa e diversamente povoado. No século XIII, a
população estava dividida por três "villas": Meialde e Parede. Nesta
época, "villa" era uma identidade de povoação rural. Antigamente, teriam
sido domínios territoriais, grandes unidades agrícolas, e duas delas
podiam muito bem ascender à romanidade: refiro-me a Meadela e Paredes.
Com a invasão germânica, as terras foram novamente reapropriadas,
instalando-se novas "villas" em fracções das anteriores, e assim teriam
surgido as de Touril, Oamonde, Meialde. Ao tempo da Reconquista, aparece
como objecto de presúria apenas a de Meialde, o que bem significa a
diversidade de estatuto das várias parcelas que cerca de duzentos anos
depois viriam a integrar a paróquia. Em 1258, os lugares habitados eram:
Meialde (que ia do Rio de S. Vicente ao alto da Senhora da Ajuda), a
Meadela, e Portuzelo, com populações livres e populações integradas (peal
residência ou pelo trabalho, ou por ambas) no Couto de Paredes.
Com efeito, Meialde (hoje Ameal) era terra senhorial laica.
Paredes constituía um couto, doado por D. Afonso Henriques ao mosteiro
galego de Tojos Oucos e a Meadela constituía um território livre, que se
governava por um proto-embrião de municipalismo. E era aqui que se
encontrava a igreja paroquial.
A igreja paroquial, localizada na zona húmida dos Carregais, cedo se
verificou que não tinha a localização mais adequada à pastoral
paroquial. Por isso, em fins do século XVII se decidiu transferi-la para
a actual localização, num batólito granítico já sacralizado por uma
ermida em honra do abade Santo Amaro.
Com o crescimento demográfico, económico e social de Viana, a Meadela,
freguesia limítrofe, muito veio a beneficiar. A nobreza vianense,
desejosa de manter quintas de produção agrícola para sustento e venda e
mesmo de recreio, foi na Meadela que as procurou sempre construir. Assim
vinha acontecendo com a Quinta do Ameal. Mas também o Couto de Paredes
veio a ser objecto de escambo e a tornar-se Casa dos Bezerras, nobreza
das mais importantes da vila, logo desde o século XV. Mais tarde, foram
os Távoras da Casa da Carreira e duas famílias de origem estrangeira: os
Rubins que construíram a Casa e Quinta de Valflores, os Werneck e os da
Casa do Passadiço.
Em meados do século XVIII, a Meadela tinha 82 fogos e 300 pessoas
repartidas por três lugares (Meadela, Portuzelo e Costa). De então para
cá, na Meadela autonomatizaram-se a Argaçosa, S. Vicente e a Senhora da
Ajuda, nasceu o Lugar da Bessa e cresceram os de Fornelos e do Calvário,
Matos e Montinho, conferindo personalidade própria a um Lugar da Igreja,
que se separou dos Carregais e viu nascer a seu lado o das Caramonas. A
Costa cresceu à volta do Monte da Meadela, dando origem aos Lugares da
Cova, Portela e Matinho. Portuzelo, com a sua população e os seus
moinhos, entre eles um de vidro, também cresceu, fazendo surgir os
lugares da Ventela, da Fonte Grossa e da Mina do Batata.
Recentemente integrada na cidade e tendo vindo a perder progressivamente
as características rurais, a da Meadela é a mais que um "dormitório":
aqui está sediada uma das mais bem sucedidas indústrias locais – a de
cerâmica tradicional – conta com uma zona industrial prevista no PDM,
que aqui sediou também as estruturas desportivas municipais.
Ainda no que diz respeito a história da freguesia, no Inventário
Colectivo dos Arquivos Paroquiais vol. II Norte Arquivos Nacionais/Torre
do Tombo, pode-se ler textualmente:
«A primeira referencia conhecida a esta freguesia remota ao século X, e
é citada no foral de Viana(1258-1262).
Em 1258, na lista das igrejas situadas no território de Entre Lima e
Minho, elaborada por ocasião das Inquirições de D. Afonso III, Meadela é
citada como nina das igrejas pertencentes ao bispado de Tui. Denomina-se
então '"Meiadela". Em 1320, no catálogo das mesmas igrejas, mandado
elaborar pelo rei D. Dinis, para pagamento de taxa, Meadela, ao tempo
denominada "Ameidella", rendia 160 libras.
Em 1444, D. João I conseguiu do papa que este território fosse
desmembrado do bispado de Tui, passando a pertencer ao de Ceuta, onde se
manteve até 1512. Neste ano, o arcebispo de Braga, D. Diogo de Sousa,
deu a D. Henrique, bispo de Ceuta, a comarca eclesiástica de Olivença,
recebendo em troca a de Valença do Minho.
Em 1513, 0 papa Leão X aprovou a permuta.
Quando, entre 1514 e 1532, o arcebispo D. Diogo de Sousa mandou proceder
à avaliação dos benefícios eclesiásticos incorporados na diocese de
Braga, a igreja da Meadela, denominada então "Ameadella", rendia 714
réis e 7 pretos.
Em 1546, no registo da avaliação, a que se procedeu no tempo do
arcebispo D. Manuel de Sousa, dos benefícios da comarca de Valença,
Santa Cristina da Meadela tinha de rendimento 30 mil réis. Segundo o
Padre António Carvalho da Costa, Santa Cristina da Meadela foi do
padroado real, tendo-a trocado o rei D. Dinis, no ano de 1308, com D.
João Fernandes Sotto-Mayor, bispo de Tui. Era abadia da apresentação da
Mitra. Em termos administrativos pertenceu, em 1839, à comarca de Ponte
de Lima e, em 1852, à de Viana do Castelo.»
Fontes: Dicionário Enciclopédico das Freguesias – texto
do Prof. Dr. Alberto Antunes de Abreu, Inventário Colectivo dos Arquivos
Paroquiais vol. II Norte Arquivos Nacionais/Torre do Tombo e
Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, Freguesias de
Portugal.com
Livro
"Meadela, Comunidade Rural
do Alto Minho: Sociedade e Demografia"
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